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SIMPÓSIO TEMÁTICO 4

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MECANISMOS DE CONEXÃO TEXTUAL-DISCURSIVA: A CONTRIBUIÇÃO DOS MARCADORES DISCURSIVOS PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

 

Coordenadoras: 

Profa. Dra. Ana Cláudia Machado Teixeira (UFF) e Profa. Dra. Milena Torres de Aguiar (FFP/UERJ) 

Link do Google Meet: https://meet.google.com/tui-jmab-qme

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Estudos da língua em uso são alvo da pesquisa funcionalista, uma vez que nos interessa flagrar o desenvolvimento e analisar o comportamento de elementos menos ou mais instrumentais na situação comunicativa. O uso, assim, ganha destaque, já que existe uma relação estreita entre a expressão linguística e seu uso contingencial, entre as diversas motivações de ordem intra e extralinguísticas, entre inovação e convencionalização. Nesse cenário, marcadores discursivos atuam como mecanismos de conexão textual-discursiva contribuindo para a orientação argumentativa do texto. Esses elementos procedurais, alinhados à sintaxe da língua, atuam como pistas ou indicadores de crenças e opiniões do falante, constituindo-se como mediadores da intersubjetividade estabelecida nos textos. Além disso, é importante levantar e descrever esses elementos de forma a estabelecer uma tipologia que norteie o professor na prática de análise linguística. Diante dessa perspectiva, a partir de textos sobretudo expositivos e argumentativos, interessa-nos investigar como elementos mais emergentes no português estabelecem esse tipo de conexão, identificando tanto comportamentos mais gerais como mais particulares. A pesquisa visa a contribuir para o ensino de língua portuguesa na medida em que pretende destacar a importância dos marcadores na formação de leitores/produtores textuais aptos a exercerem seu papel na sociedade. Análise linguística, conexão textual-discursiva, ensino de língua portuguesa, linguística funcional centrada no uso, marcadores discursivos.

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O PAPEL DE MARCADORES DISCURSIVOS EM TEXTOS OPINATIVOS: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

 

Ana Cláudia Machado Teixeira (Doutora – Profª UFF)

anaclaudiamachadoteixeira@id.uff.br

Milena Torres de Aguiar (Doutora – Profª FFP/UERJ)

milenatda@gmail.com

 

Estudos centrados no texto levantam inúmeros elementos de conexão atuantes na integração de orações, na organização entre partes do texto, na conexão entre porções textuais. Além dessas atuações, há elementos de caráter pragmático que funcionam em termos de conexão num nível amplo, articulando crenças e atitudes do falante em relação ao que é dito na proposição, marcando a posição particular de um autor. Essa marcação permite que se ponha em relevo a opinião desse autor e que essa opinião seja focalizada por seu interlocutor. Para além dessa manobra, tais elementos permitem que seja construído um caminho interpretativo de forma a enlaçar o interlocutor em seu projeto de dizer. Sob a perspectiva do Funcionalismo Linguístico e pautadas nos gêneros discursivos e tipos textuais, interessa-nos, neste simpósio, fomentar discussões acerca da atuação dos marcadores discursivos em sequências opinativas manifestadas sob gêneros discursivos diversos, flagrando tanto a atuação desses marcadores como pistas ou indicadores de crenças e opiniões do falante, quanto a condução da interpretação por meio da organização e do empacotamento da informação. Apoiadas na BNCC, que aponta a necessidade de se trabalhar a competência comunicativa dos falantes de LP, as discussões pretendidas visam a situar a relevância dos marcadores para o ensino de língua no que diz respeito às atividades de identificação não só de inferências como também de estratégias de organização das informações no texto e, sobretudo, de reflexão sobre o texto. Finalmente, interessa-nos discutir como o estudo desses elementos de conexão tão relevantes para a articulação de ideias pode contribuir para o trabalho com o texto nos três eixos: leitura, produção e análise linguística, de forma a contribuir para a formação de cidadãos que adotem uma atitude crítica em relação ao texto e desenvolvam uma postura atenta e flexível para perceber justificativas, articulações, valorações éticas, políticas e ideológicas, possibilitando-lhes rever crenças e opiniões quando os fatos apurados os contradisserem.

 

Palavras-chave: ensino de língua portuguesa; gêneros discursivos; língua em uso; marcadores discursivos; textos opinativos.

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OS MARCADORES DISCURSIVOS REFREADOR-ENUNCIATIVOS E REFREADOR-ARGUMENTATIVOS

 

Flávia Saboya da Luz Rosa (Doutora – UFF - Grupo de Estudos D&G-UFF).

flaviasaboya@gmail.com

 

O objetivo do trabalho proposto é apresentar a dupla dimensão construcional, referente à forma (sintática, morfológica e fonológica) e ao conteúdo (semântico, pragmático e discursivo), dos marcadores discursivos formados por elementos indutor-refreadores e afixoides de origem locativa. No português do Brasil, no âmbito das interações discursivas, temos verificado o uso de marcadores discursivos [IndutR AfixLoc] em função refreador-enunciativa e refreador-argumentativa. Concernente ao emprego do primeiro, detectamos os seguintes propósitos específicos: (i) recordar informações armazenadas na memória; (ii) refletir e formular resposta ou comentário; (iii) retificar o que foi dito anteriormente; (iv) redirecionar o tópico; (v) (re)tomar o turno. No que tange o segundo, constatamos ser usado para refrear a proposição do interlocutor e apoiar o desenvolvimento argumentativo do enunciador. Nos embasamos, principalmente, na abordagem construcionalista (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), nos traços definidores dos marcadores discursivos (RISSO; SILVA; URBANO, 2002) e na descrição da organização do discurso de Charaudeau (1992). Para a análise de dados, utilizamos os seguintes corpora: Corpus do Português, Corpus Tycho Brahe e o Diário do Congresso Nacional.

 

Palavras-chave: construção; marcador discursivo; argumentação.

 

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OS MARCADORES DISCURSIVOS DE VISUALIZAÇÃO VIRTUAL

 

Vania Rosana Mattos Sambrana (Doutora – Profª SEEDUC/RJ)

vania28mattos@gmail.com

 

Este trabalho objetiva apresentar os marcadores discursivos de visualização virtual conforme defendido em Sambrana (2021). Ao serem embutidos no paradigma dos marcadores discursivos, tais elementos se situam entre aqueles que se configuram a partir de uma base verbal. Em suas formatações, os marcadores discursivos de visualização virtual recrutam as bases visuais olhar e ver combinadas ou não com afixoides de orientação espacial, como lá, aqui, aí, só e bem. Em suas contrapartes funcionais, os empregos de sentidos mais abstratos direcionam a atenção dos falantes nas negociações de significados procedurais. Tal formulação permite apontar que os marcadores discursivos compõem uma classe gramatical da língua que, ao se distanciarem da centralização exclusiva na sintaxe, assumem, como foco, a pragmática. Dessa forma, instanciações de uso de olha, olha bem e veja lá, como, por exemplo, em: a) – Olha não se te tornem em desaventuras (Corpus do Português, XVI); b) – Olha bem, não te vais espetar em alguma tragédia (Corpus do Português, XIX); e c) – Veja lá, Fininho! (Corpus do Português, XX) dizem, respectivamente, respeito às interpretações de sentidos como dar crédito às palavras do falante, conduzir o ouvinte à reflexão e atenuação de repreensão. O aporte teórico segue a Linguística Funcional Centrada no Uso, nos termos de Martelotta (2011), Cezario e Furtado da Cunha (2013), Oliveira e Rosário (2015), Furtado da Cunha, Oliveira e Martelotta (2015) e Rosário e Oliveira (2016), entre outros. Nossa análise de método misto (LACERDA, 2016) debruça-se sobre os dados do século XV ao XX. Em conclusão, apontamos que os marcadores discursivos de visualização virtual compartilham a macrofunção de chamamento de atenção, que serve de base para desempenhar funções que atuam entre o eixo textual-interativo e o discursivo-pragmático.

 

Palavras-chave: construção gramatical; marcador discursivo; paradigmatização.

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