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SIMPÓSIO TEMÁTICO 3

 

PESQUISAS SOBRE CONECTIVOS E CONEXÃO DE ORAÇÕES: TEORIA, ENSINO E APLICAÇÃO

 

Coordenador: Prof. Dr. Ivo da Costa do Rosário (UFF/CNPq/Faperj)

Link do Google Meet: https://meet.google.com/jxg-ysmf-hgh

 

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Os conectivos e a conexão de orações são temas que estão no centro de muitas pesquisas teóricas, mas também no raio de investigações diversas que se debruçam sobre o ensino de língua materna. De acordo com a BNCC, o ensino de língua portuguesa deve envolver diferentes práticas de linguagem. Uma delas é a análise linguística/semiótica, que "envolve os procedimentos e estratégias (meta)cognitivas de análise e avaliação consciente, durante os processos de leitura e de produção de textos (orais, escritos e multissemióticos). [...] Os conhecimentos grafofônicos, ortográficos, lexicais, morfológicos, sintáticos, textuais, discursivos, sociolinguísticos e semióticos que operam nas análises linguísticas e semióticas necessárias à compreensão e à produção de linguagens estarão, concomitantemente, sendo construídos durante o Ensino Fundamental" (BRASIL, 2018, p. 80-81). Os conectivos e a conexão de orações são pontos que estão diretamente relacionados a estratégias (meta)cognitivas de análise e são necessários à compreensão e à produção de linguagem. Logo, são temas bastante relevantes ao ensino e claramente abrangidos pela BNCC. Este simpósio, portanto, busca estabelecer um diálogo, por um lado, entre o estudo dos conectivos e da conexão de orações e, por outro, o ensino de língua portuguesa no campo da morfossintaxe. Tendo em consideração esses aspectos, serão aceitos trabalhos desenvolvidos sob a perspectiva teóricometodológica do Funcionalismo (cf. CEZÁRIO; FURTADO DA CUNHA, 2013; ROSÁRIO; OLIVEIRA, 2016; BISPO; SILVA; SOUZA, 2021), com análises baseadas em dados de língua em uso no português atual.

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REDE [X DE]CONECT E IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO

 

Ivo da Costa do Rosário (Doutor – Prof. UFF)

rosario.ivo3@gmail.com

 

Este trabalho tem como objetivo geral descrever e analisar a rede construcional do esquema [X de]conect e suas implicações para o ensino, em perspectiva sincrônica, à luz da Linguística Funcional Centrada no Uso (cf. FURTADO DA CUNHA; BISPO; SILVA, 2013; ROSÁRIO; OLIVEIRA, 2016). O esquema [X de]conect abriga diversas microconstruções conectoras responsáveis pela combinação de orações hipotáticas não finitas em língua portuguesa, como antes de, depois de, em vez de, em prol de etc. Contudo, esse conjunto de conectores normalmente não é descrito pelos livros didáticos nem pelas gramáticas escolares, que se concentram, em maior medida, nos conectores mais clássicos. Este trabalho insere-se em uma agenda maior de estudos em desenvolvimento no D & G (Grupo de Estudos Discurso e Gramática) e CCO (Grupo de Pesquisa Conectivos e Conexão de Orações), que visa a rastrear e analisar o inventário geral de conectivos da língua portuguesa e os diversos processos de ligação intersentencial. Resultados parciais comprovam que instanciações do esquema [X de]conect distanciam-se dos seus usos prepositivos canônicos e passam a figurar no domínio da conexão interoracional, sendo marcados por inferências sugeridas e pressões de ordem pragmática. Logo, trata-se de um tema bastante pertinente ao campo das práticas de ensino-aprendizagem em língua portuguesa.

 

Palavras-chave: rede [X de]; conectores; ensino.

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CONSTRUÇÕES PROPORCIONAIS: PESQUISA E ENSINO

 

Thaís Pedretti Lofeudo Marinho Fernandes (Doutorando – UFF)

thaisplmf@gmail.com

 

Esta investigação tem como objetivo examinar as construções proporcionais em perspectiva sincrônica e propor aplicações voltadas para o ensino. Define-se a construção proporcional como duas partes interdependentes, que podem ser tanto oracionais quanto não oracionais. Compreende-se que a proporção pressupõe dois fatos ou eventos implicados, em que a manifestação da primeira parte incide positiva ou negativamente a manifestação da segunda parte. Tal construção pode apresentar conectores de distintas naturezas (à medida que, quanto mais...mais, quanto mais...menos, conforme, enquanto etc.), mas também pode ser configurada por meio de estratégias discursivas. A base teórica adotada é a Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU), que compreende que a estrutura da língua emerge à medida que é usada, em contexto em que há tanto instabilidades quanto regularidades. Por esse motivo, os dados analisados são provenientes do uso linguístico e a análise leva em consideração suas funções semântico-cognitivas e discursivo-pragmáticas. Para tal análise, os dados sincrônicos são provenientes do Nexo Jornal, disponível on-line (https://www.nexojornal.com.br/). Defende-se que nas construções proporcionais são empregados conectores mais prototípicos, como à medida que, correlatores como quanto mais/menos...(tanto) mais/menos, e também conectores menos prototípicos, como conforme e enquanto, associados originalmente a tempo e conformidade, respectivamente. Desse modo, com base no aporte teórico da LFCU, investigam-se os usos das proporcionais, visando a descrição e a análise, de modo a contribuir no ensino da construção proporcional.

 

Palavras-chave: construção proporcional; proporção; ensino.

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CONSTRUÇÃO CORRELATA COMPARATIVA APOSITIVA: TEORIA E ENSINO

 

Letícia Martins Monteiro de Barros (Doutoranda – UFF)

lemartins.mb@gmail.com

 

Com base na perspectiva da Linguística Funcional Centrada no Uso, este trabalho tem como objetivos: i) descrever as relações comparativo-contrastivas verificadas a partir da correlação de indefinidos; e ii) mostrar como a elaboração presente nesse tipo de construção pode ser explicada em sala de aula. Trata-se de uma pesquisa sincrônica, essencialmente qualitativa, que visa a promover a análise do que se pode chamar de construção correlata comparativa apositiva (CCCA), um tipo de configuração híbrido, não canônico, cujas propriedades ainda demandam estudos apropriados. Pretende-se discutir a problemática da dicotomia entre coordenação e subordinação e, ainda, estabelecer a correlação como um fenômeno mais adequado para classificar a construção organizada pelo emparelhamento de indefinidos. Para o estudo da comparação e do contraste, serão utilizadas como base as propostas de Neves (2011), adaptadas aos aspectos encontrados a partir da análise de dados coletados em discursos e votações da Alerj, do período de janeiro de 2015 a julho de 2021. Este estudo tem como base os pressupostos da Gramática de Construções (FILLMORE, 1988), que apresenta a construção como unidade básica da língua (GOLDBERG, 1995, 2006), situada em uma rede de nós interconectados e organizados hierarquicamente (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013).

 

Palavras-chave: LFCU; Gramática de Construções; correlação de indefinidos; relação comparativo-contrastiva.

 

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ENSINO DE ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: O CASO DAS ORAÇÕES CONFORMATIVAS

 

Myllena Paiva Pinto de Oliveira (Doutoranda – UFF)

myllenapaivap@gmail.com

 

Esta pesquisa está vinculada ao Grupo de Pesquisa Conectivo e Conexão de Orações, com sede na Universidade Federal Fluminense. Investigamos a expressão da conformidade no português. Utilizamos os pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Funcional Centrada no Uso – em que a Linguística Funcional norte-americana se apropria de alguns aportes teóricos da Linguística Cognitiva, como a Gramática de Construções (cf. TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013). A pesquisa funcionalista é, por princípio, indutiva (OLIVEIRA; LOPES, 2019), portanto partimos de dados da língua em uso, retirados de situações reais de comunicação, para fazer generalizações a respeito do objeto. Nessa perspectiva, a língua é moldada no uso, influenciada por aspectos sociais, cognitivos e linguísticos. Como corpus, adotamos a revista Superinteressante. Analisamos 10 edições da revista, publicadas entre 2020 e 2021. A busca de dados permitiu detectar 210 tokens (BYBEE, 2016), com 12 conectivos diferentes. Como o objetivo geral é flagrar e analisar constituições formais que veiculem conformidade, procedemos à leitura integral dos textos da revista. Esse procedimento se justifica porque partimos do princípio de que as gramáticas e dicionários da língua não oferecem um inventário completo das construções conformativas usadas no português contemporâneo. Nas gramáticas, percebemos que recebem o título de conformativas orações com funções distintas entre si, que não produzem o mesmo efeito de sentido nos textos e não aparecem, portanto, em sequências tipológicas idênticas. Além disso, esta pesquisa permite afirmar que construções não oracionais podem desempenhar função semelhante à das orações subordinadas conformativas, e, por isso, podem ser oferecidas como estratégia de fonte de informação, por exemplo, aos alunos da Educação Básica.

 

Palavras-chave: conectivo; conformidade; ensino.

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USOS DA CONSTRUÇÃO CONECTORA EXCETO X: PROPOSTA DE DESCRIÇÃO E ENSINO

 

Fabiana Felix Duarte Moreira (Doutoranda – UFF)

fabianamoreira@id.uff.br

 

O presente trabalho descreve os usos sincrônicos oracionais das instanciações da construção conectora exceto x no português brasileiro, com o objetivo de investigar os usos dessa construção, para assim propor uma abordagem de ensino para a Educação Básica. O objeto de nossa análise é pouco descrito nos compêndios de língua portuguesa. Com a escassez de trabalhos sobre o esquema exceto x, é mister descrever os usos de instanciações como esta, por exemplo, em que há duas orações conectadas por exceto quando: “É inoportuno tudo o que esteja para além de a agenda de a sessão, exceto quando a palavra seja concedida [...]”. Por se tratar de uma pesquisa essencialmente baseada no uso, elegemos a Linguística Funcional Centrada no Uso – LFCU – como linha teórica adotada. A LFCU é uma teoria funcionalista que se apropria de perspectivas cognitivistas no estudo de fenômenos linguísticos. Essa aproximação entre uso e cognição tem enriquecido as investigações das línguas naturais pelo prisma das construções. Para esta análise, coletamos dados do Corpus do Português, interface Web/Dialetos (disponível em https://www.corpusdoportugues.org/web-dial/), a partir de busca eletrônica pela palavra exceto. No total, são encontradas 19.685 ocorrências com exceto nesse corpus. No entanto, para este trabalho, descartamos as ocorrências não oracionais da construção e analisamos somente as 100 primeiras ocorrências oracionais selecionadas aleatoriamente. Após a análise desses dados, detectamos que o slot vazio da construção exceto x pode ser preenchido por verbo no infinitivo ou por outro conectivo prototípico, como que, se ou quando, por exemplo. Os resultados parciais deste trabalho evidenciam a produtividade da construção exceto x, constatando que, a depender de como o slot é preenchido na instanciação dessa construção, diferentes relações semântico-pragmáticas sobrepostas à noção de exceção são estabelecidas em seus usos.

 

Palavras-chave: exceto; conector; produtividade; construção; ensino.

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