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SIMPÓSIO TEMÁTICO 2

 

TEORIA GERATIVA E ENSINO DE LÍNGUA

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Coordenadoras:

Profa. Dra. Elaine Alves Santos Melo (UFF) e Profa. Dra. Isabella Lopes Pederneira (UFRJ)

Link do Google Meet: https://meet.google.com/csh-ajhu-hsu

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O objetivo deste Simpósio Temático é reunir pesquisadores que tematizem questões sobre o ensino de Língua, a partir dos pressupostos teóricos do Gerativismo na sintaxe e suas interfaces. A ideia central é a busca por metodologias ativas de ensino que considerem pressupostos fundamentais, tais como o inatismo e o saber internalizado de Gramática e suas relações com o papel da escola, pensando na possível complementariedade entre Pobreza X Riqueza de estímulos, ou seja, entre Teoria Linguística e Ensino. Deste modo, estamos diante de dois conceitos: aquisição e aprendizagem de língua materna. Se por um lado, as crianças, no processo de aquisição da língua, parametrizam suas regras com poucas evidências, em meio a dados primários desordenados, cabe ao professor de escola da Educação Básica trazer esse saber inato à consciência e dar continuidade ao processo de aprendizagem das modalidades artificiais da língua materna: a leitura e a escrita. Nesse sentido, cabe ao professor de Língua, basear o processo de ensino-aprendizagem em mecanismos que não desconsiderem as propriedades da gramática internalizada desses estudantes. Nesse contexto, a Teoria Gerativa, por seu caráter formal, pode contribuir para o desenvolvimento de metodologias de ensino para o trabalho com os conhecimentos metalinguísticos e epilinguísticos.

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A FUNÇÃO SINTÁTICA DE SUJEITO NA EDUCAÇÃO BÁSICA: DEFINIÇÃO E METODOLOGIA DE ENSINO

 

Rebeca Maria Santiago Mota (Graduanda – UFF)

rebecamaria@id.uff.br

Elaine Alves Santos Melo (Doutora – Profª UFF)

easmelo@id.uff.br

 

Neste trabalho, analisamos a apresentação da função sintática de sujeito no Ensino Fundamental II, especificamente, no sexto e sétimo ano, a partir de duas coleções de livros didáticos, que são aprovadas pelo PNLD: coleção Apoema e coleção Alpha. Para além da comparação das obras, propomos apresentar uma atividade, cuja metodologia é ativa (cf. Oliveira e Pontes, 2013), para auxiliar os alunos a desenvolverem o conhecimento deste conceito. A fim de executá-la, tomaremos alguns dos pressupostos da Teoria Gerativa: língua enquanto propriedade mental, constituintes, sintagmas e operações de movimento e concatenação. De maneira geral, podemos dizer que os livros da Coleção Apoema já apresentam o conceito de sujeito a partir da noção de sintagma. Por outro lado, na coleção Alpha, a discussão sobre este tema é feita de maneira tradicional, definindo-o como “o ser que pratica a ação do verbo” e “o termo sobre o qual se faz uma declaração”. Conforme Duarte (2007), nem sempre o sintagma que ocupa a posição de sujeito tem o papel temático de [+agente]. Em construções como “a bola foi jogada pelo menino”, o sujeito é um argumento interno, [+paciente], em uma sentença passiva. Já na sentença “a bola, o menino jogou pela janela”, apesar de o sujeito ser “o menino”, o Tema é “a bola”. Este trabalho se justifica, pois, pela necessidade de repensar o ensino dos aspectos gramaticais na educação básica brasileira, tanto em relação às definições quanto à prática de apresentação do conteúdo. Propomos utilizar uma Metodologia Ativa de ensino cuja definição é: um processo em que o aluno é ativo no desenvolvimento da aprendizagem. Assim, a proposta versará sobre a percepção da função de sujeito como uma propriedade inata e recursiva de todas as sentenças das línguas humanas naturais que pode ser descrita de modo empírico (cf. Chomsky, 1981, 1986, 1995).

 

Palavras-chave: ensino de gramática; Teoria Gerativa; livros didáticos, função sintática; sujeito.

 

 

EXPLORANDO A INVERSÃO LOCATIVA E A CONSTRUÇÃO DO TÓPICO-SUJEITO SOB UMA PERSPECTIVA GERATIVISTA NO ENSINO BÁSICO

 

Giovana Pereira Abranches (Graduanda – UFF)

giovanaabranches@id.uff.br

Jonã dos Santos Rosa (Graduando – UFF)

Larissa Picoro do Nascimento (Graduanda – UFF)

Elaine Alves Santos Melo (Doutora – Profª UFF)

easmelo@id.uff.br

 

Neste trabalho, investigamos como levar as pesquisas gerativistas sobre o português brasileiro (PB) para a Educação Básica, com intuito de contribuir com melhorias no ensino de gramática nas escolas. Para tanto, trazemos uma construção inovadora do PB - o Tópico-Sujeito. Essa construção envolve o alçamento de um DP adjunto para posição de sujeito (PONTES, 1987; GALVES, 1998; MELO, 2015; MELO; CAVALCANTE, 2020). Semanticamente, há relação parte-todo entre os DPs, como em “O celular [+possuidor/todo] já carregou a bateria[+possuído/parte].” A proposta é de que partindo do conhecimento mental que o aprendiz já possui, no caso, do Tópico-Sujeito, pode-se explicitar essa estrutura, ensinar a gramática padrão, comparando-a com a gramática internalizada do aluno. Como a construção de Tópico-Sujeito envolve movimento, pode-se também entender as operações sintáticas (Chomsky, 1995) que regem a língua para além da perspectiva redutora de uma gramática normativa. A fim de desenvolver este trabalho, usaremos o material didático produzido pelo grupo SOMOS Educação para 7º ano como base para a discussão de como construções inovadoras podem ser levadas para a escola. Esta apostila expõe uma construção que se aproxima do Tópico-Sujeito, a inversão de locativo, em unidade que mostra as influências de línguas africanas no PB, tendo em vista que a sua emergência tem sido atribuída ao contato do português com as línguas africanas do grupo banto (AVELAR E GALVES, 2014; AVELAR E CYRINO, 2008). Contudo, a seção é problemática, porque, além de tratar a construção de maneira muito rasa sintaticamente, ainda é possível inferir que a tratam como algo equivocado . Assim, pretendemos propor atividades alternativas, que mostrem que o ensino da construção padrão pode partir de comparações estruturais com a construção inovadora.

 

Palavras-chave: Gerativismo; ensino de gramática; tópico-sujeito.

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ENSINO DE MORFOLOGIA EM GRAMÁTICA GERATIVA: O QUE SABEMOS QUANDO CRIAMOS PALAVRAS NOVAS

 

Rafaela Fontes Soares (Graduanda – UFRJ)

rafaela.soares@letras.ufrj.br

Isabella Lopes Pederneira (Doutora – Profª UFRJ)

isabellapederneira@letras.ufrj.br

 

Para que o contexto educacional tenha êxito no que diz respeito à linguagem, é importante compreender duas instâncias linguísticas: ensino de língua e aquisição da capacidade de usá-la. A Gramática Gerativa nos permite organizar as etapas linguísticas de modo que o papel da escola esteja melhor delineado, já que este arcabouço teórico contém uma metalinguagem que, uma vez dominada, torna-se um instrumento valioso para desenvolver a capacidade de depreender regras. Apresentaremos os mecanismos de formação de palavras novas em autores de literaturas de língua portuguesa, através da conscientização de suas etapas de formação, metodologia útil para o ensino de língua materna na Educação Básica. Estas etapas são importantes, já que relaciona um princípio fundamental de Gramática Gerativa – a Faculdade de Linguagem, que nos permite apreender regras linguísticas –, e a consciência metalinguística que os estudos linguísticos, sobretudo os de Gramática Gerativa, nos permitem desenvolver no ensino de gramática. Os neologismos literários serão o alicerce de toda a metodologia. Especificamente, serão apresentados neologismos presentes nas obras de Guimarães Rosa, Mia Couto e Ondjaki e mostraremos os mecanismos sintáticos presentes na formação de palavras novas, como brincação, abarcável (Guimarães Rosa); bichanar, todaviar (Mia Couto) e averdade, repessoar (Ondjaki). A fundamentação teórica está ancorada em uma versão não-lexicalista de gramática gerativa – a Morfologia Distribuída - que permite a valorização de operações sintáticas importantes para a construção de palavras, as mesmas que encontramos na construção de sentenças. A razão disso é que o esqueleto sintático é o ponto de partida para as leituras fonológicas e semânticas e, portanto, aprender a vê-lo contribui para a capacidade de dominar os mecanismos metalinguísticos de uma dada língua natural. O resultado é uma proposta de ensino de morfologia que desenvolva o domínio ativo da língua nativa por parte dos alunos da Educação Básica através do conhecimento consciente dos mecanismos de formação de palavras.

 

Palavras-chave: neologismos; gramática; gerativismo.

 

 

 

PROJETO “GRAMÁTICA GERATIVA NA EDUCAÇÃO BÁSICA” – CONTEXTUALIZAÇÃO E RELATO

 

Thays Ferreira Alves (Graduanda – UFRJ)

thays.ferreira37@letras.ufrj.br

Sergio Luiz Aguilar Maciel de Souza (Graduando – UFRJ)

Isabella Lopes Pederneira (Doutora – Profª UFRJ)

isabellapederneira@letras.ufrj.br

 

O entendimento de que a educação brasileira possui baixa qualidade tem motivado um debate extenso e complexo, cujas perspectivas multiplicam-se e divergem entre si (CAMPOS, 2000; MOROSINI, 2001). Ao pensar cientificamente sobre como geramos sentenças, exercitamos a capacidade de fazer ciência, o que pode ser um caminho profícuo para contribuir neste debate. Tendo em vista este cenário, o projeto de extensão “Gramática Gerativa na Educação Básica: Divulgando os saberes da Universidade” tem por objetivo transferir o conhecimento sobre linguagem e línguas dentro do escopo da Gramática Gerativa para a formação teórica de professores, especialmente, no que concerne às metodologias de ensino. Em relação ao discente da educação básica, busca-se a sua inserção no universo da consciência linguística. Por fim, o licenciando também é contemplado pelo projeto na medida em que os estudantes da UFRJ podem atuar como extensionistas e na divulgação científica. Ao trabalhar em três frentes: formação continuada do docente, formação de licenciandos e inserção da linguística no cotidiano do aluno da educação básica, nossa expectativa é contribuir para a mudança no quadro de baixa qualidade no processo de ensino-aprendizagem na educação básica brasileira, promovendo a percepção do conceito de gramática alcançada pelos estudos de linguística gerativa, Essa visão de gramática, uma vez utilizada nas escolas, tem potencial de ser mais eficaz do que a gramática tradicional, pois aborda a metalinguagem como uma janela para a linguagem, permitindo a reflexão linguística e inibindo o caráter intimidante das gramáticas tradicionais. Relataremos nossas contribuições no âmbito do Projeto supracitado em cursos promovidos como os “Sintaxe até embaixo” e “Sintaxe em tudo”, todos ocorridos remotamente, tendo em vista a pandemia da COVID-19. Em nosso relato, apresentaremos as barreiras enfrentadas na pandemia e também os caminhos encontrados através das ferramentas tecnológicas, para que fosse possível a continuidade do processo.

 

Palavras-chave: Gramática Gerativa e ensino; extensão universitária e Educação Básica; gramática nas escolas.

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