SESSÃO 6
Professor Coordenador: Rosane Monnerat (UFF)
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OS IMAGINÁRIOS SOCIODISCURSIVOS ACIONADOS NO DISCURSO DE JAIR BOLSONARO EM 2018 NAS ELEIÇÕES
Lucas de Souza Mathias (Mestrando – UFF)
O presente trabalho é um recorte da monografia de conclusão da Pós-Graduação Lato Sensu em Língua Portuguesa da UFF e tem como objetivo analisar um discurso do então candidato do PSL à presidência Jair Bolsonaro, durante as eleições de 2018, com o fito de se compreender, por meio dos recursos linguístico-discursivos mobilizados, a construção dos imaginários sociodiscursivos acionados que podem ter contribuído para a conquista de parte do eleitorado e para a consequente vitória do candidato nas dadas eleições. A análise proposta dar-se-á à luz da Semiolinguística, corrente francesa de análise do Discurso, de Patrick Charaudeau. A metodologia utilizada consiste em um estudo bibliográfico e qualitativo do discurso do presidenciável proferido em Curitiba no dia 28 de março de 2018. Uma vez que a análise se centrou na dimensão verbal do texto, realizou-se a transcrição do referido discurso com base no vídeo disponível gratuitamente na plataforma digital YouTube. Dessa forma, pôde-se inferir que um dos possíveis motivos para a adesão ao discurso do presidenciável e sua vitória no processo eleitoral se deu por meio do discurso extremista e neoliberal de direita, diferenciando-se dos dois outros polos presentes nas eleições – um candidato de esquerda, pelo PT, e outro de direita, pelo PSDB. A análise permitiu observar que o acionamento do imaginário sociodiscursivo da corrupção pode ter sido um dos motivos que ajudou na adesão do público eleitoral à sua campanha, dado que segundo o candidato, esse é o maior problema do Brasil. Dessa forma, ao prometer combatê-lo e ao se desvincular da imagem do político corrupto, o candidato em foco se apresentava como aquele que representaria a melhor opção para o país.
UM OLHAR SEMIOLINGUÍSTICO NA PRODUÇÃO DE MEMES
Luciana da Silva Gomes (Mestranda – UFF)
Karine Duarte Souza Andrade (Mestranda – UFF)
Este trabalho procura verificar de que forma a produção de sentido é articulada na construção do gênero "meme", que circula frequentemente nas mídias sociais e nos possibilita ampliar os limites da leitura, levando-nos a ficar atentos aos recursos de construção sígnica imagética e a ativar nosso conhecimento enciclopédico. Fundamenta-se nos conceitos de visadas e identidades discursivas e nos conceitos de sentido de língua e sentido de discurso, da Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, postulada por Patrick Charaudeau. O "corpus" que servirá para a análise é composto por dois memes, que foram veiculados em junho de 2019. Esta pesquisa propõe-se também, com essa análise, a contribuir com o ensino de língua materna, no que tange à formação de alunos proficientes e críticos na leitura de textos multimodais.
A BALBÚRDIA POR TRÁS DO CASO DO AVIÃO DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DA FORMAÇÃO DISCURSIVA NO DEBATE POLÍTICO EM MEMES
Giselly Duarte Ferreira da Fonseca (Mestranda – UERJ/FFP)
O objetivo desta pesquisa é investigar os sentidos atribuídos à “balbúrdia” no debate político brasileiro contemporâneo. Como quadro teórico, elegemos a perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa (AD), privilegiando as noções de discurso, formações discursiva e ideológica, interdiscurso, memória discursiva, discursos mêmico e midiático, sujeito, sentido e ideologia. Seguindo os pressupostos de Pêcheux e Foucault, o nosso intuito é mostrar a atenção da mídia para com o caso e, principalmente, a reação dos brasileiros criando memes mediante ao ocorrido, para isso, analisamos aspectos discursivos nos memes e nos discursos midiáticos, além das formações discursivas que eles representam. Tomamos como ponto de partida o fato de que quando enunciamos, estamos refletindo posições ideológicas representadas no dizer pelo ato discursivo. A partir da noção de interdiscursividade, consideramos as relações de um discurso, analisando outros que também se fazem recorrentes, ou melhor, como os enunciados dialogam entre si. Vale ressaltar que, em cada enunciado proferido, há também um plano ideológico que é construído de modo social e histórico por meio da interação verbal. Assim, neste trabalho apresentamos uma reflexão teórica seguida da análise mêmica, enfatizando algumas questões de interesse dos estudos da linguagem, tais como a noção de discurso e formação discursiva. Diante do exposto, este trabalho consiste em um aglomerando de leituras, descrições e interpretações, gerados por uma relação entre teoria e método de análise, no qual nos destinamos a interpretar o que foi dito, raciocinar e provocar curiosidade para nos possibilitar o conhecimento, consequentemente, mostrar a contribuição dos memes na construção dos discursos político-midiáticos no cenário atual.
ANÁLISE FORMAL, FUNCIONAL E DISCURSIVA DE “MEMES” COM PERÍFRASES VERBO-NOMINAIS E PROPOSTA DE APLICAÇÃO PRÁTICA AO ENSINO
Pâmela Fagundes Travassos (Doutoranda – UFRJ)
Tencionamos explorar a configuração formal e funcional de construções com verbo-suporte DAR em “memes”, bem como sua abordagem no ensino. Podemos citar os seguintes como exemplo: dar uma olhadinha, dar uma escapada, dar um risinho. Para tanto, utilizamos orientações relacionadas (i) ao gênero textual (ARISTÓTELES, 2011 [384-322 a.C. (?)]; BAKHTIN, 2011 [1992]; MARCUSCHI, 2007 e 2008); (ii) à multimodalidade (ROJO; MOURA, 2012); (iii) ao “meme” (site “Museu de Memes” da UFF); (iv) à linguagem visual (AGUIAR, 2004; GUIMARÃES, 2001; PEIRCE, 1975); (v) ao humor (DUARTE, 2016); (vi) às noções de aspectualidade (VENDLER, 1967), modalidade (BROWN; LEVINSON, 1987; GOFFMAN, 1967) e (inter)subjetividade (TRAUGOTT; DASHER, 2002) e (vii) às construções com verbo-suporte (MACHADO VIEIRA, 2014). Objetivamos associar o estudo descritivo sobre essa estrutura da Língua Portuguesa ao campo do ensino. Utilizaremos metodologia qualitativa dos dez (10) dados de uso presentes no gênero textual “meme”, coletados em redes sociais, produzidos em 2019. Além disso, analisaremos como se dá a abordagem do fenômeno linguístico em gramáticas tradicionais (BECHARA, 2009; CUNHA; CINTRA, 2013; ROCHA LIMA, 2013;). Acreditamos que tais construções podem indicar aspectualidade, modalidade e/ou outros valores. Resultados apontam que está havendo um processo de convencionalização do sentido modal e as GTs não exploram toda a potencialidade de sentidos e de usos, tais como apontam os estudos linguísticos.